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A mostrar mensagens de março, 2024

Custos de ordenados

Hoje gostava de falar de outra coisa que está muito na moda - o custo do ordenado para a empresa. Então para essas contas entram a TSU (é o que a empresa paga à Segurança social), o subsídio de refeição, o subsídio de férias, o subsídio de Natal e o seguro. Ou seja, para um ordenado mínimo: Remuneração base - 820 (anual - 9840)   TSU - 284,95 (trabalhador paga 11% - 90 euros e a empresa paga 23.75% - 194.75 euros (anual para a empresa - 2337) Subsídio de refeição - vamos considerar 6 euros - 132 euros (anual -1584)   Subsídio de Natal - 820 euros   Subsídio de férias - 820 euros   Seguro - 90 euros por ano   Se somarmos tudo e dividirmos pelos meses do ano temos o valor do ordenado mínimo para a empresa - 1170 . Ou seja, a empresa paga a mais 350 euros. É assim que se chegam àqueles valores astronómicos pois estão a  contabilizar os subsídios de férias, natal, refeição e seguros. Será que querem deixar de pagar esses direitos? É que num ordenado mínimo se...

Flat tax

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  A população activa em Portugal é de cerca de 5 200 000. Desses, cerca de 2 900 000 recebem menos de 1000 euros. E, ainda, desses cerca 820 000 recebem o ordenado mínimo. Temos cerca de 3 600 000 que vivem de reformas - velhice ou  invalidez. 2 500 000 abaixo dos 650 euros. Cerca de 4 900 000 portugueses com menos de 1000 euros por mês. A receita do estado em IRS foi de aproximadamente 14 500 milhões de euros. Se dividirmos isto por cada português cada um fica com mais 1450 por ano, ou seja 120 euros a mais por mês. Isto num modelo de se colectar o bolo todo e dividir por todos de igual forma. Numa perspetiva de abolição do IRS. Mas não é isso que a IL e o Chega propõem. A medida que a IL e o Chega propõem é a de 15%. De acordo com um estudo da UTAO representa um alívio fiscal para os contribuintes de cerca de 3000 milhões de euros. Contas feitas daria mais 25 euros por mês. No mesmo sistema de coletar tudo e dividir de forma igual por todos, entenda-se os 10 milhões de Portu...

Parece que a Terra já não é redonda

O círculo, na sua definição mais abstrata, expressa a unidade perfeita da totalidade omni-abrangente. A junção de todos os pontos dada por qualquer círculo significa que tudo numa qualquer forma geométrica redonda está em união.  Todos os pontos de um círculo confluem para um mesmo princípio e um mesmo fim.  Se extrapolarmos isto para uma roda humana significaria que todos os intervenientes  se vêem e acabam por tocar mesmo que afastados. Eu, num dado ponto da roda vejo alguém que  por transposição de todos os intervenientes acaba por estar ao pé de mim. Ou seja, não existem lados. Estamos ali todos. Todos nos vemos e todos acabamos por estar unidos.   Remontando a 350 a.C Aristóteles formulou que a Terra é redonda. Hoje em dia sabemos que terá uma forma esférica. Então de uma forma ou de outra todos os pontos da Terra acabam por estar unidos. Nunca foi nem poderá a terra ser composta por lados. Lembremo-nos que todos os pontos se tocam. Todos os pontos estão un...

Livro - Os donos de Portugal

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Documentário - "Mão Invisível - uma história do neoliberalismo em Portugal"

https://youtu.be/ceTCzCptzEM?si=vvnlVQM3lRz-4nzo

Eu dizia NÃO! (texto escrito em 2015)

T odos os dias somos bombardeados com notícias que dizem que temos uma dívida para pagar. E, nós fieis cordeirinhos, aceitamos sem nos questionarmos. Nós portugueses não somos charlatões e temos de pagar tudo direitinho! Eu nunca vivi acima das minhas possibilidades. Os meus pais nunca viveram acima das suas possibilidades. Os meus avós nunca viveram acima das suas possibilidades. Recebemos durante anos a fio milhões da União Europeia. Uma pequena parte desse dinheiro foi canalizada para, em altura de eleições, os políticos iludirem o povo com pequenos aumentos nas reformas, aumentos nos ordenados da função pública, baixar impostos e outras coisas mais que representam uma pequena parte do bolo. E com essa areia nos nossos olhos fomos (eu não) votando PS e PSD. A maior parte do dinheiro serviu para financiar grandes empresas que hoje em dia gozam de prosperidade financeira. Essas empresas estão diretamente ligadas a famílias portuguesas que já no tempo do Estado Novo prosperavam e que e...

(des)rotinar

O despertador toca! São 6.30 da manhã. Não estou atrasado. Levanto-me pego no telemóvel e ponho o dedo a funcionar para cima para baixo e vejo as últimas publicações. Instagram, facebook, sites de notícias. Tomo banho e vou para a cozinha. Pequeno almoço com o dedo no telemóvel e continua o scroll.Tiro um café  e são 7.40! Estou atrasado. Vestir à pressa, chaves do carro, beijo nas minhas miúdas. Elevador, passo acelerado. “‘ Bora lá saiam da frente, mas porque estão parados?”, “Pronto já vou chegar atrasado”, penso. Estacionar, volto ao passo acelerado pico o ponto e começo a chamar pessoas, “bom dia, vamos então fazer o seu exame” Um, dois, três, vários. Olho para a lista de trabalho e vejo já está. Não tenho ninguém sento-me e o dedo volta para a acção mais um story , mais uma notícia, mais uma publicação. “Está a senhora a despir no vestiário pequeno”. Volto. “Bom dia” Mais uma catrefada de exames. Respiro, sinto-me cansado. Não parei. Lá despacho as coisas e vou beber café. M...

O novo (a)normal

Hoje ao almoço meti os ouvidos na mesa do lado e prestei atenção à conversa. Feio! Mas a senhora também fazia questão de ser ouvida. Dizia ela que a filha levou um amigo lá a casa que pelos vistos estava em mudança de sexo e que pediu para ser tratado por um nome feminino que não consegui perceber. A senhora dizia que se tinha recusado a fazê-lo e que isso não lhe podia ser exigido, porque se a pessoa quer respeito também tem de respeitar a opinião dela. Isto ouvido assim num contexto de um almoço informal entre o que pareciam ser colegas de trabalho deixou-me a pensar. Todas pareciam concordar. Estive a tarde inteira a pensar naquelas palavras que sinceramente não me pareceram de ódio. Aquela senhora estava sinceramente a achar que está correta. Na maneira como se expressava parecia até indignada porque a sua opinião e convicção tinham de contar e todas as intervenientes concordavam. O meu sentimento agora depois de refletir é de preocupação e acho que estamos perante um problema algo...