Eu dizia NÃO! (texto escrito em 2015)
Todos os
dias somos bombardeados com notícias que dizem que temos uma dívida para pagar.
E, nós fieis cordeirinhos, aceitamos sem nos questionarmos.
Nós
portugueses não somos charlatões e temos de pagar tudo direitinho!
Eu nunca vivi acima das minhas possibilidades. Os meus pais nunca viveram acima das suas possibilidades. Os meus avós nunca viveram acima das suas possibilidades.
Recebemos durante anos a fio milhões da União Europeia. Uma pequena parte desse dinheiro foi canalizada para, em altura de eleições, os políticos iludirem o povo com pequenos aumentos nas reformas, aumentos nos ordenados da função pública, baixar impostos e outras coisas mais que representam uma pequena parte do bolo. E com essa areia nos nossos olhos fomos (eu não) votando PS e PSD.
A maior parte do dinheiro serviu para financiar grandes empresas que hoje em dia gozam de prosperidade financeira. Essas empresas estão diretamente ligadas a famílias portuguesas que já no tempo do Estado Novo prosperavam e que em democracia voltaram a ser ajudadas. São essas famílias que controlam a nossa economia, porque sempre foram os donos do dinheiro e os políticos depois de saírem do poleiro precisam de um emprego. Essas famílias garantem a sua estabilidade e os políticos garantem assim o seu futuro.
Outra parte do dinheiro da Europa serviu para desmantelar as pescas e a agricultura, com o qual os pescadores e os agricultores foram incentivados a deixar de produzir em troca de subsídios. Assim, as grandes empresas de produção e distribuição alimentar dos países mais ricos da Europa garantiram e garantem a sua prosperidade.
Os bancos esses continuaram a emprestar dinheiro e a aliciar as pessoas a fazerem investimentos nisto ou naquilo que nunca se percebeu bem o que é. O dinheiro dos bancos provem em grande parte do dinheiro que lá é depositado e num país com dinheiro fictício ou seja proveniente do estrangeiro, sob a forma de empréstimos (muitos deles a fundo perdido), não há riqueza a ser gerada. Um dia deu confusão! Iniciou-se uma crise!
A Europa
que na sua base de formação era uma União de solidariedade entre povos voltou a
dizer que emprestava dinheiro, mas desta vez em troca desses empréstimos o
Governo tinha de criar medidas de austeridade, para que o país volte a ser
sustentável. Nós, cordeirinhos mais uma vez aceitámos! E lá nos emprestaram
dinheiro e nós começámos a pagar. E pagámos! E ainda temos mais para pagar!
Agora, o
que é nós pagámos e ainda temos para pagar?
Pagámos o
dinheiro da dívida que os bancos andaram a contrair. Salvámos os bancos
franceses e os bancos alemães. Aqui não há solidariedade europeia, apenas
pagamos para que bancos não vão à falência. E, nós que trabalhamos todos os
dias andamos a contar tostões.
As
medidas de austeridade favorecem em todos os aspectos as grandes empresas e
toda a teia montada pelas tais famílias. As medidas de austeridade criaram medo
nas pessoas. As pessoas aceitam em tempos de crise fazer todo o tipo de
trabalho pelos salários mais irrisórios. Aceitam fazer horas a mais a troco de
cêntimos, por medo de perderem o ganha pão. A austeridade cria precariedade,
porque as pessoas tem de aceitar o recibo verde, porque é o que há. E, assim as
grandes empresas não só sobrevivem como reforçam a sua posição.
Se formos ver as estatísticas elas dizem-nos isso mesmo. Falências de pequenas e médias empresas. Os grandes grupos, que se encontram na mão das tais famílias de influência, proliferam e reforçam a sua posição no mercado.
Eu acho,
muito sinceramente que hoje se fez história, porque se disse OXI a esta europa
podre e condenada a um capitalismo selvagem.
Mas, na
minha opinião, tínhamos de dizer:
- Não;
- No
- Non
- Nee
- Ingen
- Níl
- No
- Nein
- Não;
- No
- Non
- Nee
- Ingen
- Níl
- No
- Nein
Em todas
as línguas do mundo.
Se assim não for viveremos nesta teia para
sempre.
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