O novo (a)normal

Hoje ao almoço meti os ouvidos na mesa do lado e prestei atenção à conversa.

Feio!

Mas a senhora também fazia questão de ser ouvida.

Dizia ela que a filha levou um amigo lá a casa que pelos vistos estava em mudança de sexo e que pediu para ser tratado por um nome feminino que não consegui perceber.

A senhora dizia que se tinha recusado a fazê-lo e que isso não lhe podia ser exigido, porque se a pessoa quer respeito também tem de respeitar a opinião dela.

Isto ouvido assim num contexto de um almoço informal entre o que pareciam ser colegas de trabalho deixou-me a pensar. Todas pareciam concordar.

Estive a tarde inteira a pensar naquelas palavras que sinceramente não me pareceram de ódio. Aquela senhora estava sinceramente a achar que está correta. Na maneira como se expressava parecia até indignada porque a sua opinião e convicção tinham de contar e todas as intervenientes concordavam.

O meu sentimento agora depois de refletir é de preocupação e acho que estamos perante um problema algo profundo. Percebi que este tipo de pensamento já está mais do que normalizado. Aquela senhora nem sequer reconhece que o tem e com ela todas as restantes.
Perdemos enquanto sociedade a capacidade de tolerar.

Odiar sem perceber que se odeia.

Discriminar sem perceber que se discrimina.

É esta a realidade dos tempos!

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