(des)rotinar

O despertador toca! São 6.30 da manhã. Não estou atrasado. Levanto-me pego no telemóvel e ponho o dedo a funcionar para cima para baixo e vejo as últimas publicações. Instagram, facebook, sites de notícias. Tomo banho e vou para a cozinha. Pequeno almoço com o dedo no telemóvel e continua o scroll.Tiro um café  e são 7.40! Estou atrasado. Vestir à pressa, chaves do carro, beijo nas minhas miúdas. Elevador, passo acelerado. “‘Bora lá saiam da frente, mas porque estão parados?”, “Pronto já vou chegar atrasado”, penso. Estacionar, volto ao passo acelerado pico o ponto e começo a chamar pessoas, “bom dia, vamos então fazer o seu exame” Um, dois, três, vários. Olho para a lista de trabalho e vejo já está. Não tenho ninguém sento-me e o dedo volta para a acção mais um story, mais uma notícia, mais uma publicação. “Está a senhora a despir no vestiário pequeno”. Volto. “Bom dia” Mais uma catrefada de exames. Respiro, sinto-me cansado. Não parei. Lá despacho as coisas e vou beber café. Mais umas notícias.  “Agora vou ler aquele artigo que vi sobre Ressonância magnética”, penso. Abro o PDF e começo. Entre exames vou lendo. “Queres ir almoçar?”, perguntam-me. “Posso ir”, respondo. Sento-me,  deixo o artigo e mensagens, notícias, stories…

São 14.30 chego a casa. Vou correr. Na cabeça vai o trabalho, os stories, as notícias. Assoberbado. Aumento o ritmo. Uma hora de treino, estou cansado. Paro pego no telemóvel e Strava. Olha até correu bem! Pulsação até está controlada. São 16 horas, banho, vestir, saio com um pão na mão e vou buscar a filha. Linda! Conta-me o seu dia e eu explico-lhe. Olha o pai vai lavar a louça e fazer o jantar e comida para amanhã. Ela acena positivamente. “Papá, posso pintar?”, pergunta-me. “Claro que sim, ficas na sala e eu vou fazer as coisas”.Música a tocar, loiça lavada, jantar ao lume. Tudo orientado. Sento-me e mais stories, mais notícias. Sinto a água a ferver. Esparguete para dentro, uma mexidela nos legumes e nos cubos de frango. “Eles não sabem que o sonho” ouço a música. Canto. Feliz. Gosto de música. “Maria” grito. “Vamos buscar a mamã!” Ela vem cheia de tinta nas mãos, braços. Lavar os braços e as mãos. Não fico chateado. É criança. Faz parte. “Maria calça os sapatos a mamã está à espera”. Lá vai ela feliz com a cara ainda com tinta e as unhas ainda pintadas de amarelo. “Anda, a mamã está à espera”. Elevador, chaves do carro, não está trânsito, “olha, quem está ali?” “Mamã!” diz ela feliz e olhos a brilhar. Contamos os dias, falamos de problemas, notícias e a Maria participa contando o seu dia na escola. Jantar, jogar um jogo, ler uma história. Criança a dormir, ler um pouco… 

Calma! Pára tudo! “Vais desligar a luz, a televisão, fechar o livro e 30 minutos de nada! Nada. 30 minutos. Nada.

Amanhã é fim de semana. Vamos passear!

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